quinta-feira, 19 de julho de 2012

OS ADOLESCENTES E SUA MANIA DE FERIR A SI MESMOS



A onda depressiva entre os adolescentes parece não ser exclusividade dos “emos”. Ao longo das últimas décadas, as pessoas mais jovens têm utilizado mais lâminas de barbear e isqueiros, mas nada tem a ver com desenvolvimento precoce de barba ou com o tabagismo juvenil. De acordo com relatos de conselheiros, eles usam esses instrumentos a fim de se ferirem. Sua intenção, porém, não é morrer, apenas causar danos – um comportamento conhecido como auto-lesão não-suicida.
Um estudo recente sobre a saúde mental dos estudantes de faculdade encontrou evidência na sociedade para documentar essas observações: os resultados mostram que em uma universidade, a taxa de auto-lesão não-suicida duplicou entre 1997 e 2007.
No entanto, cientistas não têm certeza se o comportamento é realmente cada vez mais desenfreado, ou se eles mais casos foram notificados devido à maior conscientização sobre o assunto. Alguns pesquisadores dizem ainda que, embora possa ter havido um aumento na década de 1990 para início de 2000, o número de ocorrência já atingiu o seu pico.
No entanto, a proliferação generalizada de auto-lesão não-suicida representa, sim, um problema de saúde pública. Vários estudos recentes afirmam que entre 17 e 28% dos adolescentes e jovens adultos afirmam ter se ferido intencionalmente em algum momento de suas vidas.
Os cientistas estão agora a analisando a auto-lesão de uma forma inédita, tentando responder a uma série de questões, tais como: Por que as pessoas se machucam? Algumas pessoas são mais propensas a se auto-machucar? E o quais são os tratamentos que funcionam melhor?
As conseqüências do comportamento vão além de danos físicos e incluem depressão, ansiedade, isolamento social e um risco aumentado para tentar o suicídio, conta Peggy Andover, professor de psicologia na Universidade Fordham, em Nova York.
Os danos mais evidentes são os próprios ferimentos que os adolescentes fazem em si mesmos, que representam um risco de infecção. Porém, há conseqüências psicológicas também, incluindo um sentimento de vergonha sobre o comportamento e o medo da rejeição social se os outros descobrirem que eles se auto-multilam.
Apesar de algumas evidências de que pessoas que praticam esse tipo de auto-agressão não-suicida têm um risco aumentado de suicídio, os pesquisadores especulam que a ideia é diferente. “A grande maioria dessas pessoas não estão tentando acabar com sua vida, eles estão tentando lidar com a vida”, explica Janis Whitlock, um investigador da Cornell University em Ithaca, NY, que publicou recentemente um artigo sobre a auto-lesão não-suicida. “É absolutamente o oposto do que é suicídio”, sintetiza.
Os especialistas dizem que a maioria as pessoas se engajam em auto-lesão como forma de lidar com suas emoções, especialmente as negativas. E a auto-mutilação os acalma e traz uma sensação de alívio.
Esses sentimentos relaxantes são resultado da liberação de endorfina, substância química do cérebro que alivia a dor e pode produzir euforia. “As pessoas usam a auto-lesão da mesma maneira que outras pessoas usam drogas, álcool, comida ou sexo: para tentar se sentir melhor a curto prazo”, disse Whitlock.

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